Um crime na escola
Certo dia, Maria, uma aluna da
escola de Azeitão, estava atrasada para a primeira aula (a de matemática)
quando entrou apressadamente na escola, esquecendo-se de picar o seu cartão na
portaria. Ia a correr para a sua sala
quando ouviu a sua turma a gritar:
- Maria, Maria! Vem ter connosco. Não temos aula.
Maria, muito admirada por
aquela professora ter faltado, pois era presença assídua nas suas aulas e na
escola, resolveu ir perguntar à funcionária do PBX, D. Judite:
- O que se passa com a professora Ilda Monteiro?
- A professora Ilda está muito doente, com a mesma doença que mais três
professores da escola! - respondeu muito triste.
Maria correu apressadamente a
contar a notícia aos colegas e perguntando à sua amiga Sofia se queria ir com
ela resolver aquele mistério da doença dos professores. Ouvindo a conversa,
Rogéria Walter, uma jovem inglesa muito dona do seu nariz, foi logo contar às
amigas, engendrando um plano para conseguir descobrir o que se passava primeiro
que Maria. O seu plano era contratar um detetive para desvendar aquele mistério,
ficando Rogéria com os louros todos. O que ela não sabia era que o pai de Maria
era amigo de infância da professora Ilda e, tendo todos os contactos da mesma,
se tornava mais fácil a Maria desvendar "o mistério da doença dos
professores de Azeitão".
Maria passou o dia todo com a
cabeça nas nuvens, sempre a pensar quando regressaria a casa para falar com o
pai acerca daquele mistério que a enchia de curiosidade. Então, quando tocou a
campainha para os alunos saírem, Maria nem esperou que o professor de Artes, um
jovem alto, magro, com cabelo castanho e cheiro a café, dissesse que podiam
sair da sala de aula. Correu para junto da porta, muito atrapalhada, com a mala
aberta e um lápis a cair do estojo.
Sempre pensara em ser polícia
como o pai, mas nunca tinha levado a sua carreira tão a sério, até porque a mãe
queria que ela fosse médica e Maria não queria desiludir a mãe, pois era filha
única (mas nem gostava de ir ao médico).
Chegando a casa, Maria foi
fazer os seus trabalhos de casa um pouco à pressa e, depois, foi tomar banho,
enquanto a sua mãe fazia o jantar. Secou o cabelo, vestiu-se e quando foi
jantar, sempre pontualmente às 20:30, chegou o seu pai com um ar um pouco
cansado, o que não era habitual.
-
Pai, o que se passa? Não é habitual chegares a casa
cansado!
-
Hoje foi um dia para esquecer! A polícia passou o dia
todo a receber telefonemas de mães de crianças que diziam que no único dia em que
os filhos almoçaram na cantina da escola, ficaram com gastroenterite, uma
doença que fazia com que não pudessem ir à escola, diminuindo o seu sucesso escolar.
Ao saber disso, Maria percebeu
logo o que se passava, contando aos pais como correra o seu dia e aproveitando
para lhe pedir para ligar à professora Ilda, perguntado-lhe se se sentia
melhor. Não obteve respostas, visto que o seu telefone estava desligado.
No dia seguinte, Maria, sem os
pais saberem, almoçou na escola, dizendo que ia almoçar com uma amiga, visto
que tinham de fazer um trabalho de grupo. De todo, não foi mentira. A sua amiga
Sofia comeu com ela no refeitório, mas levou comida de casa com medo de ficar
doente. Só foi mentira a parte do trabalho de grupo, mas uma mentirinha não faz
mal a ninguém.
Depois de almoçarem, Maria
sentiu sede e, quando se dirigia à cozinha para pedir água à funcionária,
deixou cair o copo ao ver a cozinheira a colocar inseticida na comida. A
cozinheira, ao ver o que Maria presenciou, naquele momento ainda tentou
disfarçar, dizendo que o inseticida era azeite. Mas filho de policia não se
deixa enganar e Maria ligou logo ao pai que, em seguida, veio à escola com os
seus colegas agentes fazer um interrogatório à cozinheira. Esta acabou por
dizer que sempre quisera ser professora, mas como não tinha dinheiro para pagar
os seus estudos, tinha ódio a todos os professores e alunos.
Não foi o melhor caso do mundo,
mas Maria sentiu-se uma verdadeira heroína, mesmo ficando com gastroenterite.