quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ana Catarina Santos


Um crime na escola

 

   Certo dia, Maria, uma aluna da escola de Azeitão, estava atrasada para a primeira aula (a de matemática) quando entrou apressadamente na escola, esquecendo-se de picar o seu cartão na portaria.  Ia a correr para a sua sala quando ouviu a sua turma a gritar:

- Maria, Maria! Vem ter connosco. Não temos aula.

   Maria, muito admirada por aquela professora ter faltado, pois era presença assídua nas suas aulas e na escola, resolveu ir perguntar à funcionária do PBX, D. Judite:

- O que se passa com a professora Ilda Monteiro?

- A professora Ilda está muito doente, com a mesma doença que mais três professores da escola! - respondeu muito triste.

   Maria correu apressadamente a contar a notícia aos colegas e perguntando à sua amiga Sofia se queria ir com ela resolver aquele mistério da doença dos professores. Ouvindo a conversa, Rogéria Walter, uma jovem inglesa muito dona do seu nariz, foi logo contar às amigas, engendrando um plano para conseguir descobrir o que se passava primeiro que Maria. O seu plano era contratar um detetive para desvendar aquele mistério, ficando Rogéria com os louros todos. O que ela não sabia era que o pai de Maria era amigo de infância da professora Ilda e, tendo todos os contactos da mesma, se tornava mais fácil a Maria desvendar "o mistério da doença dos professores de Azeitão".      

    Maria passou o dia todo com a cabeça nas nuvens, sempre a pensar quando regressaria a casa para falar com o pai acerca daquele mistério que a enchia de curiosidade. Então, quando tocou a campainha para os alunos saírem, Maria nem esperou que o professor de Artes, um jovem alto, magro, com cabelo castanho e cheiro a café, dissesse que podiam sair da sala de aula. Correu para junto da porta, muito atrapalhada, com a mala aberta e um lápis a cair do estojo.         

   Sempre pensara em ser polícia como o pai, mas nunca tinha levado a sua carreira tão a sério, até porque a mãe queria que ela fosse médica e Maria não queria desiludir a mãe, pois era filha única (mas nem gostava de ir ao médico).

   Chegando a casa, Maria foi fazer os seus trabalhos de casa um pouco à pressa e, depois, foi tomar banho, enquanto a sua mãe fazia o jantar. Secou o cabelo, vestiu-se e quando foi jantar, sempre pontualmente às 20:30, chegou o seu pai com um ar um pouco cansado, o que não era habitual.

-      Pai, o que se passa? Não é habitual chegares a casa cansado!

-      Hoje foi um dia para esquecer! A polícia passou o dia todo a receber telefonemas de mães de crianças que diziam que no único dia em que os filhos almoçaram na cantina da escola, ficaram com gastroenterite, uma doença que fazia com que não pudessem ir à escola, diminuindo o seu sucesso escolar.

   Ao saber disso, Maria percebeu logo o que se passava, contando aos pais como correra o seu dia e aproveitando para lhe pedir para ligar à professora Ilda, perguntado-lhe se se sentia melhor. Não obteve respostas, visto que o seu telefone estava desligado.

   No dia seguinte, Maria, sem os pais saberem, almoçou na escola, dizendo que ia almoçar com uma amiga, visto que tinham de fazer um trabalho de grupo. De todo, não foi mentira. A sua amiga Sofia comeu com ela no refeitório, mas levou comida de casa com medo de ficar doente. Só foi mentira a parte do trabalho de grupo, mas uma mentirinha não faz mal a ninguém.

   Depois de almoçarem, Maria sentiu sede e, quando se dirigia à cozinha para pedir água à funcionária, deixou cair o copo ao ver a cozinheira a colocar inseticida na comida. A cozinheira, ao ver o que Maria presenciou, naquele momento ainda tentou disfarçar, dizendo que o inseticida era azeite. Mas filho de policia não se deixa enganar e Maria ligou logo ao pai que, em seguida, veio à escola com os seus colegas agentes fazer um interrogatório à cozinheira. Esta acabou por dizer que sempre quisera ser professora, mas como não tinha dinheiro para pagar os seus estudos, tinha ódio a todos os professores e alunos.

   Não foi o melhor caso do mundo, mas Maria sentiu-se uma verdadeira heroína, mesmo ficando com gastroenterite.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Queres comentar?